30 de julho de 2012
Os Números dos
Empreendimentos em Barão Geraldo
No geral, a população
não gosta de números. É bastante conhecido o fato
dos políticos, quando querem engrandecer uma obra
que custou R$5 bilhões, preferem falar que
custou R$950 milhões, pois 950 tem um impacto
maior que 5.
Em
Barão Geraldo dificilmente
ouve-se falar em números. Promete-se muito, sonha-se
bastante, mas os valores, as fontes e formas de
pagamento são
ignoradas, é o efeito Harry Potter.
Para se ter uma opinião
formada e opinar sobre um assunto público, é
necessário conhecer pelo menos os valores e números básicos. Citamos abaixo algumas grandezas aproximadas referentes aos grandes empreendimentos no
nosso querido distrito de Barão Geraldo:
Unicamp
A Unicamp divulgou que está negociando a compra de
fazenda ao lado do campus com 1,43 milhões de m2
por um valor de R$150 milhões.
Para facilitar o entendimento do que são 1,43 milhões de m2,
consideramos que um
quarteirão padrão quadrado de 100m x 100m tem 10.000m2,
isto é um hectare. Então a compra é o equivalente a
143 hectares.
Se dividirmos o valor da compra R$150 milhões por 1,43 milhões de m2
teremos o valor de R$104,80 o m2, que é o
preço médio atual
para uma grande gleba nesta região. Um terreno
urbanizado para habitação em Barão Geraldo pode
custar R$400,00 o m2, para comércio pode
valer bem mais. A dimensão atual da Unicamp é
de 3,51 milhões de m2 , ou 351 hectares. Com a
compra terá 494 hectares. A USP tem 744 hectares no
campus principal.
Loteamento da Rossi
A empresa Rossi
divulgou que o pretenso loteamento Reserva D. Pedro, ao
lado do Shopping e Unicamp, tem 1,7 milhões de m2
(170 hectares). A venda para construção
residencial e comercial só poderia ocorrer em 45% desta
área (78 hectares), devido às áreas
protegidas do Parque Linear Ribeirão das Pedras, da Mata Santa
Genebrinha, do Ribeirão e Várzea do Bicão e ainda, das ruas
e praças do loteamento.
Segundo levantamento realizado com corretores da
região, o valor da gleba é em torno de R$160
milhões.
No mapa do projeto, vemos que o empreendimento
seria para 5.000 unidades residenciais, sendo mais
apartamentos do que terrenos e grande área para
comércio horizontal, vertical e misto, que estimamos
em 1 mil unidades.
Se considerarmos o valor médio de
venda de 6.000 imóveis - dos terrenos, apartamentos e
salões comerciais por
R$300.000,00 cada, o grupo do empreendimento poderia arrecadar
o valor bruto de R$1,8 bilhões ou até mais, pois são muitos
apartamentos e salões comerciais.
Inexplicavelmente várias mídias locais tem divulgado
que o investimento neste loteamento será de R$17 milhões.
Este valor não dá
para pagar nem os marmitex e alojamentos
para os
trabalhadores construtores, se o loteamento fosse aprovado
conforme apresentado.
Loteamento da
Fazenda Rio das Pedras
A Fazenda Rio das Pedras é maior do que a Mata
Santa Genebra e tem 3 vezes a a área do citado loteamento
da Rossi (ver mapa abaixo). São cerca de 5 milhões
de m2, ou 500 hectares.
A área pública preservada
da fazenda, onde as construções são proibidas,
compreende as duas lagoas, as cinco matas e seus entornos
de 100 e 300 metros.
Pelo mapa, a proporção da área preservada mais os
seus entornos são
semelhantes à área preservada do loteamento Reserva D. Pedro.
Se os loteadores da Rossi fossem lotear esta fazenda
nos mesmos moldes da Reserva D. Pedro, colocariam
51.000 (3x17) moradores lá dentro e poderiam arrecadar mais
de R$5 bilhões.
O valor estimado da fazenda é R$500 milhões.
Felizmente a
RESOLUÇÃO NÚMERO 41 DE 13 DE NOVEMBRO DE 2003
determina que nesta fazenda o lote mínimo será de
600 m2
e
a
altura máxima das
edificações não pode exceder 8 metros. Com
apenas metade da fazenda disponível para construções mais
as avenidas, ruas e jardins, restam cerca de 200 hectares
para venda de lotes com no mínimo 600 m2.
O total de lotes seria em torno de 3.500 sem prédios
de apartamento. Considerando que a dimensão da área
da fazenda que é três vezes a área da Reserva D.
Pedro, este loteamento seria bem mais razoável do
que o
proposto pela Rossi.
O projeto do Parque Linear Ribeirão das Pedras
conta com uma área aproximada de 800.000 m2
ou 80 hectares. Já tem milhares de árvores
nativas.
Há um projeto pronto para que se torne um
excelente Parque Linear com ciclovia e pista para
caminhadas sob a sombra de árvores adultas.
Se de fato o prefeito
cassado tivesse investido no parque os R$31 milhões que
afirmou ter gasto, o Parque estaria pronto e
seria o cartão postal de Barão Geraldo. O valor
estimado para nivelamento, construção e pintura de uma
ciclovia de 1º mundo, mais passeio para pedestres
com 6 Km de extensão neste parque é de R$1,2 milhões e a
manutenção poderá custar R$50.000,00 mensais. O
preço do asfalto é de R$35,00 o
m2.
Poucos locais necessitam de cerca. A retirada do
esgoto do Ribeirão é obrigação da Sanasa.
Parque Ecológico Monsenhor Salin - prox. do Shopping
Iguatemi - para comparação
Tem uma área de 285 hectares, sendo 110 hectares com
projeto paisagístico de Roberto Burle Marx, aberto
ao público e 175 hectares destinado à preservação.
Contém espécies da flora brasileira, exemplares
tombados da arquitetura campineira do século XIX,
entre eles, o Casarão, a tulha e a capela da antiga
Fazenda Mato Dentro. O Parque possui ainda 7 quadras
poliesportivas (equipadas com vestiários), campos de
futebol soçaite, quadra de bocha e malha, trilhas
para caminhadas, pista de cooper, playground, áreas
para piquenique e anfiteatro.
O Parque é propriedade do Estado de São Paulo, foi
doado para a cidade de Campinas, que não pode
assumir a doação, pois a manutenção custa mais de
R$4 milhões anuais e atualmente a Prefeitura não tem
condições de assumir esta dívida. Há outras
prioridades.
Em junho de 2012 os 54 vigilantes do parque entraram
em greve por que o Estado não pagou seus salários.
Leia o
Decreto de Implantação e Administração deste Parque
para entender o que é necessário para implantar um
parque.
Parque da Fazenda Rio das Pedras
O Parque da Fazenda Rio das Pedras
preservado desde 2003, mas ainda não implantado, compreende uma área estimada em 200 hectares
contando com os entornos de 100 e 300 metros
obrigatorios.
Este Parque é o centro do corredor ecológico de
Barão Geraldo, portanto a área que será aberta ao
público deverá ser menor que que a área aberta ao
público no Parque Monsenhor Salin.
Para a formação deste Parque e prepará-lo para
visitação e preservação como no Parque Mons. Salin, os valores estimados
variam em torno de R$100 milhões. A
manutenção também deverá ter um custo semelhante ao
que o Estado está pagando para manter o Parque Mons. Salin, ou seja R$4 milhões anuais.

Alfredo Moro Morelli
redator do Barão em Foco