Tem cocô demais
no ambiente de Barão Geraldo
-
outubro 2008 -
A Mata Santa
Genebra constantemente sofre degradação por causa das pessoas que
passam pela cerca aberta e animais domésticos, que interferem
no seu ecossistema. Na sua região norte, uma das suas
nascentes límpidas, assim que sai da mata, passa pelo bairro Real
Parque e recebe o esgoto direto sem tratamento de
centenas de residências.
Veja o vídeo.
A nossa população
se acostumou com o cheiro de esgoto e não se importa,
mesmo nos bairros mais luxuosos, como ao longo
do Ribeirão das Pedras. Constatamos que muitas pessoas nem mesmo
sentem o cheiro (que cheiro?).
Das dezenas
ou centenas de reuniões que o Barão
em Foco participou em Barão Geraldo, apenas a Probairro, em 2003, se preocupou
com o esgoto da Unicamp despejado na lagoa do Parque Ecológico e convocou reuniões
para resolver o problema.
Em outubro de 2007, a Escola Rio Branco levou os alunos para ver
e analisar o Ribeirão da Pedras - os alunos entenderam e fizeram
um
blog para alertar a população. Nunca mais ouvimos falar no
esgoto que está infestando Barão Geraldo. Muitos pensam que o
caldo escuro neste rio é poluição industrial, mas não é! É
esgoto doméstico sem tratamento e não é fatalidade do progresso,
é falta de saneamento básico.
As hortas, uma das principais atividades do distrito, mesmo
quando não são regadas com estas águas, se contaminam com o cocô,
pois ficam nas baixadas
próximas dos rios para aproveitar a umidade. Com esta
proximidade, a contaminação
das hortaliças ocorre pelo solo, pelos animais, equipamentos, alagamentos,
etc. Os poluidíssimos Ribeirão das Pedras e Rio Anhumas, que atravessam
Barão Geraldo, espalham cocô para todo lugar, está no ar, no vento, na poeira, nos caramujos, nas
patas dos animais, etc. A concentração
de germes por cm3 no ar próximo destes rios é muito
grande, nota-se pelo cheiro.
Se o cocô fosse um pó fino, vermelho e
fosforescente, Barão Geraldo provocaria um
reflexo no céu que concorreria com a aurora boreal. É muito cocô
para aqueles dois
riozinhos.
Estes dois rios são exemplos de canalizações de esgoto sem
tratamento que vão para rios maiores, com destino no Oceano Atlântico.
Isto ocorre para desespero dos ecologistas que lutam pela
conscientização desde a Eco 92.
Visualizamos bons resultados apenas a longuíssimo prazo, depois de uma
conscientização geral e da difícil tarefa de eliminar milhares de pontos individuais
de esgoto que vão diretos para os rios.
A ETE na beira do Rio anhumas - maior da América Latina
e inaugurada há quase dois
anos, só está funcionando com 30% da sua capacidade e, apesar de
moderna, há ocasiões em que pessoas sentem o
cheiro de cocô a 400 m de distância, quando passam pela
Rodovia D. Pedro, próximo do Carrefour. Lembramos que cheiro são
partículas.
Além do fato de muitas pessoas não se importarem, há também uma
"filosofia" nacional: o que os olhos não vêem, o coração não
sente - e o perigo é microscópico. Recentemente um programa de televisão (o Fantástico)
mostrou que os vasos sanitários são mais limpos do que as bandejas
para alimentação - é que o cocô nos sanitários ainda é grande, todos
enxergam e limpam. A questão só terá solução quando a população tiver consciência
de que saneamento básico é necessário e
reeducar o olfato, para que reconheça neste cheiro, um alerta de
perigo para a saúde da família.
As tão prometidas ETE's do Rio Anhumas e de Barão Geraldo,
precisam funcionar em suas capacidades máximas. A ETE do
Anhumas, pronta há dois anos, ainda não engrenou e a de Barão
ainda não ficou pronta. Quando iremos ter saneamento básico
(funcionando) em Barão Geraldo?
Enquanto isto não ocorre, a população deve,
pelo menos, tomar providências para lavar corretamente os
alimentos, principalmente as verduras.
Primeiro, mergulhe o produto em uma bacia com um pouco de
detergente e mexa com as mãos. Geralmente sai um caldo escuro,
que seja lá o que for, não é conveniente ingerir. Nas primeiras
vezes que fizemos isto, ficamos assustados com a sujeira que sai
e com o caldo escuro.
Segundo, depois de retirada a sujeira "grossa", mergulhe
o produto em uma bacia com "biocloro" - 10 gotas para cada litro
de água e aguarde 30 minutos para total higienização.
O "bicloro" é distribuído gratuitamente nos postos de saúde.
Barão em Foco
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agosto
2008
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em Barão Geraldo -
Tese Mestrado
Longevidade e qualidade de vida -
outubro 2008